Espero-te pacientemente, mas quando chegarás, felicidade?

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Pergunto-me porque não recebo aquilo que desejo, se minha sina será observar pela janela do quarto o mundo recebendo o afeto que tenho pedido em todas as orações, cartas à mim mesma e nas velas apagadas em meus três últimos aniversários. Um vazio se apodera de mim enquanto vejo casais passeando felizes pela rua pouco iluminada, ou amigos abraçados de lado cantando desafinados alguma música da moda, com palavras desconexas. A felicidade estava ali, alguns metros adiante, esticava a mão em um ato involuntário procurando tocá-la, e esta sempre encontrava o vidro da janela, me impedindo de alcançá-la. Desejava quebrar o vidro, esticar as mãos o máximo até alcançá-la, e depois à seguraria fortemente junto ao meu corpo e não soltaria nunca mais. Depois do vazio, vinha a raiva, me fazendo indagar porque todos recebiam aquele lindo presente, menos eu. Não precisava de festa, tampouco obrigava à ela aparecer enrolada numa fita vermelha gigante, embrulhada para presente, com uma bela poesia em um pedaço de papel grudado no laço. Eu apenas pedia para vir, de mansinho, diminuindo aos pouquinhos essa minha vontade de pular a janela e roubar a felicidade alheia, já que a minha recusava-se a chegar. Talvez ela tenha se perdido pelo caminho. Talvez tenha entrado na casa errada. Talvez eu já não aguentasse mais tanto “talvez”. Em meio à perguntas, a terceira sensação - aquela que mais dói e permanece flutuando em volta deste lado sombrio da janela -, a tristeza. Se ela não veio até mim, é porque não sei lidar com ela. Felicidade é assim, temperamental, aparece de surpresa e vai embora do mesmo jeito que veio - sem avisos. Se você espera, ela não vem. Se tenta encontrá-la, ela se esconde mais, achando graça de seu desespero. E agora, a última sensação, aquela que toda noite varre a solidão para fora de casa e me sorri ternamente, a esperança. Ela ainda não veio, para, quando chegar, eu lhe dar o devido valor. Lembrar daquilo que era antes de sua chegada, e não deixá-la escapar na próxima vez. Respirei fundo, deixando uma marca no vidro da janela. É felicidade, nunca respeita a data no calendário. Sempre vens como um parente, cheia de surpresas. Enquanto não chegas e me tomas, continuo à te esperar. (BoaNoiteCinderela


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